domingo, 3 de fevereiro de 2019

Ainda Ferrante

Há Ferrante, “a Misteriosa” - quem quer que seja a senhora tem dignidade para ter um cognome de monarca - há também a sua escrita e a história que criou (ou que relatou). Mas agora há toda uma, eu sei lá, “estética” (?) ao assistir a Lenu e a Lila interpretadas por estas duas meninas (podia escrever “crianças” mas não seria rigorosa), Elisa e Ludovico, tão adoráveis, tão sofridas, tão amigas, tão febris, tão rivais. 



L’ amica geniale, HBO, 2018.

Sacrifício

“É verdade que a ideia virtuosa do sacrifício está profundamente enraizada na cultura ocidental (pelo menos, no sentido em que o Ocidente foi influenciado pelo cristianismo, que tem como base alguém que protagonizou um verdadeiro ato de autosacrificio). Por isso, qualquer afirmação que diga que a Regra Dourada não significa “sacrifica-te pelos outros” irá parecer questionável. Mas a morte arquétipo de Jesus Cristo é um exemplo de como aceitar, de forma heróica, a finitude, a traição e a tirania, de como caminhar com Deus apesar da tragedia do conhecimento da autoconsciência - e não uma diretiva para nós vitaminarmos ao serviço dos outros. Sacrificarmo-nos a Deus (ao bem maior, digamos) não significa sofrer em silêncio e voluntariamente quando uma pessoa ou uma organização exige mais de nós, de forma consistente, do que é oferecido em troca. Isto significa que estamos a apoiar a tirania, e a permitir que nos tratem como escravos. Nada existe de virtuoso em sermos vitimados por um agressor, mesmo que esse agressor sejamos nós.”

Jordan B. Peterson, As 12 regras para a vida. Um antídoto para o caos, p. 90.