segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

sei que cresci


Com 10 anos acreditava que a idade adulta começava aos 18. Aos 18, achei que ainda não havia chegado lá e decretei que adultos eram só os pra cima dos 25. E tinha razão. Posso dizer que cresci, que sou adulta. Soube-o quando, ao despedir-me do meu Pai, reparo que, o beijo na testa, foi substituído por um ternurento "gostei de te ver", como quem se despede de um amigo de outros tempos ou de um amor assolapado mas, com o passar do tempo, enterrado. Petrificada, por breves momentos, senti não ter nenhuma razão biológica para viver, uma sensação de insipidez apoderou-se de mim; mas não tive como adiar esse atingir de maturidade, ainda que sem fios brancos no cabelo mas já com um projectozinho de rugas, nos cantos dos olhos, como me atesta o espelho. Eis a Graça: um espécimen maduro e plenamente desenvolvido do Homo sapiens sapiens.

Despedi-me dele, profundamente enternecida com o momento, e com o sorriso que lhe rasgava o rosto (foi o que mais me comoveu, por ver ali tanta satisfação) eu também, Pai. Muito. E fiz questão de sublinhar o muito, para que não se confundam momentos destes com os outros, do Amor e da Amizade, da vida corriqueira.

Tudo por causa de um beijo na testa. Não posso dizer que fiquei contente com a descoberta e, por isso, lembrei-me logo da Sally, da série Mad Men.






Sem comentários:

Enviar um comentário