terça-feira, 2 de junho de 2015

jornal i #25 O regresso da velha forma de fazer política

Hoje, para o jornal i:
 
     Na semana em que um estudo revela a captura do Hospital Santa Maria por uma certa tendência religiosa, o primogénito do Dr. Marinho e Pinto é tomado de assalto por uma multidão alegadamente ligada a uma certa igreja. Há, porém, que sublinhar a diferença: não haja ilusões, Marinho e Pinto é o líder incontestável do PDR - o partido da ideologia “pimba” que pretende ser um case study sobre os limites da indefinição esquerda/direita - e nenhum ato formal, interno, pretensiosamente democrático, do partido mudará o seu status. O relato é glorioso: “dirigi-me à presidente da mesa e mandei suspender”, é assim que o Deus ex machina partidária Marinho e Pinto, regressado, triunfal, à pátria, vindo da Europa, explica o contra tempo. Ora, para quê ter um presidente da mesa se ele pode mandar no ato eleitoral? (honni soit qui mal y pense…)


       Este momento da história do PDR, essa sinistra invenção revivalista que nos lembra o tirânico Costa - o Afonso, obviamente -, é uma demonstração de que, tal como os gauleses de Goscinny, o nosso sistema partidário é incorrigível e o PDR, afinal, não é verdadeiramente diferenciador: já andam todos às avessas e ainda a procissão vai no adro. Este caso, em particular, reflete um clima antidemocrático e um sentimento de hostilidade ao confronto. Para Marinho e Pinto o adversário (no caso Alexandre Almeida) nem devia existir na pureza do ato eleitoral. Para nossa infelicidade lusa, com democratas destes ninguém precisa de ditadores.

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