Hoje, para o jornal i:
Caro
leitor, apesar das atenções centradas em Atenas, chegou a altura de
reconhecermos o esforço colossal do PS. Refiro-me, em concreto, ao esforço de
coerência revelado nos últimos tempos. Eu explico: António Costa, essa
esperança audaz (ou será mendaz?), dependendo do dia, da semana ou mesmo do
mês, já se referiu ao Syriza sob diferentes perspetivas que oscilam entre “uma
linha a seguir” e uma atitude “tonta” perante a UE. No meio de tanta
contradição, a semana passada, no dia 25 de junho, o PS Porto organiza uma
manifestação contra a austeridade e chantagem em apoio do Syriza.
É
surpreendente como a nadar em tanta vacuidade o PS concentra os seus esforços
em manter alguma coerência. A dura realidade é que, a poucos meses das
legislativas, o PS está ideologicamente perdido. Num partido que se apresenta
como alternativa séria de governo, a sua incapacidade de tirar as devidas
consequências das suas diferenças com o Syriza é assustadora. Este marinar
ideológico confirma a improbabilidade de um candidato, estruturalmente
socialista, ao tentar desafiar o consenso ideológico politicamente correto
socialista/social democrata, desenvolver um programa e um léxico alternativo,
neste torpor europeu pós moderno, e com isso beneficiar de uma votação de
proporções históricas. O PS é, por isso, um partido sem fôlego, ideologicamente
falido, historicamente comprometido com o presente, e incapaz de suportar um
debate que não assente num jogo de cintura entre a coerência e a contradição.
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