- Está a dizer que estou doente dos nervos?
O médico olhou-a surpreendido, como se por magia a paciente que acabara de observar tivesse sido substituída por outra pessoa.
- Pelo contrário, estou-lhe apenas a aconselhar um controlo.
- Disse ou fiz alguma coisa que não devia?
- Não, não se preocupe, a consulta serve apenas para ter um quadro claro da sua situação.
-Uma parente minha, disse Lila, prima da minha mãe, era infeliz, foi infeliz toda a vida. No verão, quando eu era pequena, ouvi-a pela janela aberta, gritava, ria. Ou encontrava-a na rua, a fazer coisas um pouco loucas. Mas era da infelicidade, e por isso nunca foi a um neurologista, aliás, nunca foi a médico nenhum.
- Teria feito bem em ir.
- As doenças nervosas são para as senhoras.
- A prima da sua mãe não é uma senhora?
-Não.
-E você?
- Eu ainda menos.
- Sente-se infeliz?
- Estou óptima.
Elena Ferrante, História de Quem vai e de Quem Fica, p. 147
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