"Dava sempre a impressão de esperar surpreender alguém, como um modelo já aprovado que encarna o sentimento dum público preparado antecipadamente para reagir pela surpresa; não havia nenhum choque com a sua aparição, tudo era nela tal e qual se tinha imaginado, e, no entanto, as pessoas julgavam-se chamadas a participar com um voto que, de antemão, a sólida carreira do gosto estético decidira. Notava-se nas suas maneiras uma repetição tão invariável que se percebia que ela representava um papel, tao familiar de resto, que era impossível dizer se Manuela se esquecera mesmo a sua verdadeira casta, para dar lugar apenas à criação fácil da mulher do mundo. Como toda a gente que não vive segura dos seus atos, ela tinha a cólera desordenada e passageira"
O Manto, Agustin Bessa-Luís, p. 95
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