sábado, 24 de janeiro de 2015

Fazendo de conta

Texto publicado no Jornal do Centro do dia 23.01.2015

O funicular de Viseu, obra do ruismo paga com dinheiros públicos, cumpre com mérito todos os requisitos para ser uma obra politicamente correta: é gratuita e não poluente. O seu propósito inicial terá sido uma tentativa de dinamização do centro histórico esquecendo que, aquilo que verdadeiramente atrai as pessoas são, nada mais nada menos que, os postos de trabalho e o comércio. Ainda assim, há três dados adquiridos: custou perto de 5 milhões de euros;  a sua operação bloqueia 350 mil euros por ano ao erário público e a taxa de utilização é extremamente baixa.
      Das notícias que temos conhecimento percebe-se que a CMV encontrou uma solução brilhante:  a abertura de um concurso público para a operação, manutenção e condução do ascensor  que, segundo o edil municipal, irá reduzir em 20% as despesas absurdas deste transporte público prestado pela Câmara. Ora, para que haja participantes privados neste concurso teria de haver um interesse económico não altruísta que servisse de estimulo à participação. Reconhecendo, por isso, que não o há, os cofres da CMV abrirão as suas bolsas para subsidiar em 283 mil euros o interessado. 
     Louva-se a redução de 20% dos custos mas não posso deixar de notar que esta é uma forma de iludir os viseenses acenando com uma solução temporária e mínima que permite à CMV fugir à pergunta essencial: qual é o interesse público – pressuposto da concessão de um serviço público – do funicular?
É que a CMV insiste em fazer de conta que ele existe.





  

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