O funicular de Viseu, obra do ruismo paga
com dinheiros públicos, cumpre com mérito todos os requisitos para ser uma obra
politicamente correta: é gratuita e não poluente. O seu propósito inicial terá
sido uma tentativa de dinamização do centro histórico esquecendo que, aquilo
que verdadeiramente atrai as pessoas são, nada mais nada menos que, os postos
de trabalho e o comércio. Ainda assim, há três dados adquiridos: custou
perto de 5 milhões de euros; a sua operação bloqueia 350 mil euros
por ano ao erário público e a taxa de utilização é extremamente baixa.
Das
notícias que temos conhecimento percebe-se que a CMV encontrou uma solução
brilhante: a abertura de um concurso público para a operação, manutenção
e condução do ascensor que, segundo o edil municipal, irá reduzir em 20%
as despesas absurdas deste transporte público prestado pela Câmara. Ora,
para que haja participantes privados neste concurso teria de haver um interesse
económico não altruísta que servisse de estimulo à participação. Reconhecendo,
por isso, que não o há, os cofres da CMV abrirão as suas bolsas para subsidiar
em 283 mil euros o interessado.
Louva-se a
redução de 20% dos custos mas não posso deixar de notar que esta é uma forma de
iludir os viseenses acenando com uma solução temporária e mínima que permite à
CMV fugir à pergunta essencial: qual é o interesse público – pressuposto da
concessão de um serviço público – do funicular?
É que a CMV insiste em fazer de conta que
ele existe.
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