quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

inês

de queixo erguido, olhava para nós com um olhar fino e sempre que (se) queria afirmar num determinado assunto mais sério, do qual esperava a nossa opinião, a mão direita remexia no cabelo, encaracolando-o, naturalmente, ao ralenti, como que desenhando a trajetória dos seus pensamentos. Era aquele gesto que nos sinalizava quando falava a brincar ou não e que apresentava, ao mundo, uma outra versão de si que se esforçava em esconder.

Sem rancores ou cobranças, nunca lhe conseguirei explicar o que acabei de escrever mas lembro-me quando vejo alguém percorrer, com a mão, a mesma trajectória.


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