Num livro, intitulado “The Utopia Experiment”, de Dylan Evans, conhecemos a história de um excêntrico que decide fundar uma sociedade utópica na Escócia. Uma vez lá, afastado do mundo e da civilização, Dylan acompanha a transformação da utopia em distopia e nós lemos como é fácil uma alma, do próprio Evans, transformar-se em rebuçados desfeitos. Enfim, Hobbes tinha razão.
Fenómeno semelhante foi esse delírio utópico de alguns intelectuais (Kymlicka, por exemplo): o “progressismo” multiculturalista, que, numa Europa modernaça e de consciência tranquila, permitiu a imigração sem exigir integração, o que destruiu a coesão social, minou as identidades nacionais e degradou a confiança entre vizinhos. Na Alemanha, em França e no Reino Unido as consequências estão aí: sociedades fragmentadas, minorias alienadas, cidadãos ressentidos e extremismo em grandes doses.
E é justamente num desses países, França, que surge “Submissão”, de Houellebecq, famoso por “Partículas Elementares” e visto como um niilista. “Submissão” é um sinónimo possível de islamismo, mas um leitor mais atento concordará que a trama se assemelha a mais um brilhante exemplo de distopia, ao estilo de Orwell e de Huxley. O livro, que chegou às bancas portuguesas a semana passada, retrata justamente a fraude tardia do multiculturalismo: o islamismo, amparado e protegido pelo multiculturalismo do Ocidente, toma as rédeas do poder em França. É o início do fim da Europa que conhecemos.
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