terça-feira, 21 de abril de 2015

jornal i#19 O totalitarismo da saúde pública

Hoje, para o jornal i:

Enérgico e decidido, é assim que o governo pretende proibir a venda de álcool a menores de 18 anos, também eles enérgicos e decididos. Esta intenção de engenharia social apenas se compreende se entendermos o Estado como “o grande babysitter”, encarregado de expropriar um elemento da cartilha das responsabilidades parentais: assegurar o bem-estar dos filhos e tomar conta deles. O momento presente, de promoção de políticas de natalidade, não podia ser mais oportuno para passar um atestado de incompetência aos papás. Já agora, porque não institucionalizar os petizes em ambientes puros, livres de “perigos” ou perversidades, e assim limar, a régua e esquadro, as arestas das suas imperfeições? 

Mas relembro o básico: as preocupações com a saúde do menor, além de fazerem parte daquele leque de responsabilidades, são de teor médico e não pertencem ao âmbito do poder político. Os médicos podem desaconselhar o consumo de álcool e os cientistas provar os seu malefícios em menores. Mas, sobretudo, cabe aos pais explicar à canalhada isso mesmo; faz parte da construção da relação filial. 
De resto, o álcool não é ilegal, logo não deve ser tratado como uma substância ilícita, muito menos quando o próprio governo cobra impostos sobre o seu consumo, enchendo os cofres do Estado com uma substância cuja venda publicamente proíbe. Um bocadinho hipócrita, não? 

Quando dão ao poder o controlo da saúde dos seus filhos, os pais submetem-se a uma situação em que aquele os pode proibir de andarem à chuva para não se constiparem. E uma vida sem constipações é uma vida estéril.

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