há alguns anos que não nos cruzávamos. entretanto, envelheceu, um pouco mais magro, o rosto mais estreito e as feições esbatidas; doutorou-se, subiu na carreira e estava prestes a participar numa conferência de grande prestígio. quando nos cruzamos fiz questão de referir que tinha ido, de propósito, ouvi-lo. foi então que começou a dança. há pessoas cuja maneira de estar socialmente se assemelha a uma dança, a um ritual burilado: ao som de uma batida plena de harmonia, abalança o corpo praqui, depois prali, os gestos são coordenados e elegantes, os tiques - se os houver - são de apreço e cordialidade, palavras alinhavas e confortavelmente colocadas numa narrativa composta por temas previamente pensados. sempre pontuais nos ensaios, não há como enganar nos passos, movimentos espasmódicos de grande beleza.
lá vão eles, dançando.
lá vão eles, dançando.
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