Ontem, para o i,
“Taxista ataca um carro em Campanhã”, leio no “JN”. Explica o agredido que, se não tivesse corrido, o tinham “desfeito”. “Registados 71 casos de agressões a condutores da Uber”, denuncia o “Público”. O tradicional estilo socialista de atirar dinheiro para cima dos problemas voltou a falhar: 17 milhões de euros que o governo tinha garantido para “modernizar o setor dos táxis”, esse que se manifestou, massivamente, desta forma tão violenta e desregrada, agredindo viaturas, motoristas e passageiros, ao som de uma adaptação blasfema dos Gipsy Kings. Imagina, caro leitor, as medidas pífias de “modernização” de algumas figuras patuscas que durante aquele dia foram prestando declarações? A mancebia do PCP apadrinha os protestos e, findo o espetáculo, Ferro Rodrigues abre-lhes a porta do parlamento, Fernando Medina recebe-os na Câmara e o governo, criatura afinal salvífica, cria um grupo de trabalho para estudar o assunto.
Uns dias antes, as redes sociais chocavam-se com a agressão a Mustafá, o curdo que se defendeu com uma faca de cortar kebab. Mustafá, que paga impostos, que desconta para a Segurança Social. Que apenas deseja tranquilidade, segurança, uma vida normal; que defende o que é seu e faz pela vida. Reivindica o seu sossego e o seu trabalho, sem um sindicato que, aos berros e em “manifs”, o proteja.
Entretanto, suspeita-se que a austeridade não vai acabar, que o governo tem planos secretos, que a troika pode voltar, e esta primavera, por estes dias quente e ensolarada, parece um ambiente perfeito para uma desgraça num conto errante, daqueles em que chove quando a personagem principal, um néscio sem esperança de reabilitação, está mal, muito mal, de amores. Uma primavera acompanhada por um desagradável sentimento de déjà-vu.
Sem comentários:
Enviar um comentário