Em “O Homem Revoltado”, de Camus, existe um capítulo intitulado “Os assassinos delicados”. Aí, um jovem revolucionário e poeta, Kaliaiev, cismado em assassinar o ministro em nome da “causa”, é acometido, num minuto pungente, agudíssimo, de um sentimento que o impede de matar crianças da carruagem do grão-duque. A esse sentimento, capaz de abafar o seu espírito de rebeldia, chama-se compaixão. Foi esse sentimento que não acometeu o agente da Guarda Nacional Bolivariana quando matou um jovem em Táchira, Venezuela. A escalada de repressão do regime de Maduro é assustadora e a ausência de uma condenação explícita denuncia o silêncio conivente de países democráticos como o Brasil. A quem apoia um ditador, um criminoso, um inimigo dos direitos humanos e da liberdade individual, a história dá um nome: cretino.
De acordo com o “World Misery Report”, da Universidade John Hopkins, a Venezuela é o país mais miserável do mundo, ao lado da Argentina, Síria, Ucrânia e Irão. Portugal, já agora, aparece em 40.º lugar. As referências deste estudo são: inflação, desemprego, taxas de juro e actividade económica. Cruzando estes dados com o “Economic Freedom of the World Report”, concluímos que os dez países mais miseráveis apresentam uma pontuação de 120 (sendo 1 o melhor e 152 o pior). Fica evidente uma certa correlação entre miséria e fracos índices de liberdade económica. Podemos então assumir que os países que teimam em socializar a sua economia, ao invés de a liberalizar, esses mestres do combate à pobreza, apenas conseguem afundar-se nos índices internacionais de miséria. Caso para dizer que o problema do presente não é o neoliberalismo, mas sim o socialismo “dócil” e o comunismo “respeitável” que agora seduz gregos e espanhóis.
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