quarta-feira, 4 de março de 2015

jornal i#12: Um Razzie para Patrícia

O meu texto de ontem, para o jornal i: 


"Patrícia Arquette, de Óscar nos braços, abraçou a “causa” feminista com o mote da igualdade de género. Agradeceu “a cada mulher que deu à luz, [as que não deram ficam excluídas] e a cada contribuinte e cidadão dos EUA”, lutadores pela igualdade de direitos de toda a gente, num discurso muito apropriado para o ambiente de cinema ao nível da pipoca que até calhava bem a acompanhar o discurso. E continuou: “É a nossa hora de ter igualdade salarial de uma vez por todas e igualdade de direitos para as mulheres dos EUA.” Tudo muito polido. Lê--se, nas entrelinhas, “um outro mundo é possível”. Eu também acredito e aos 70 prometo pensar seriamente nisso.  
O problema foi quando pediram a Patrícia que desenvolvesse. Nunca se deve pedir a um radical que desenvolva. Mais uma vez, numa inflamada proclamação, a actriz explica: “É tempo de todas as mulheres na América e de todos os homens que amam mulheres, todos os gays, todas as pessoas de cor, todos aqueles pelos quais lutamos, lutarem por nós.” Patrícia esquece que “gays” e “pessoas de cor” são categorias que incluem mulheres. Não me interpretem mal: a vida das mulheres não é um conto de fadas. Os nossos problemas devem ser divulgados com precisão, honestidade e de forma menos histérica. O que me intriga é por que razão, com uma ou outra excepção, as militantes destas causas são tão voláteis, estridentes, intolerantes e imprecisas. Como escreveu a jornalista Katty Young, o feminismo tornou-se a sua própria caricatura: “uma Irmandade das Eternas Ofendidas, mais interessadas em atacar os homens que em celebrar as conquistas femininas”. Sai um Razzie para o discurso de Patrícia."

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