O meu texto de hoje, para o jornal i:
Em “A Alma Conservadora”, Andrew Sullivan apela à renovação do pensamento conservador. Nikita Klaestrup, jovem conservadora dinamarquesa com um deslumbrante vestido preto com um generoso decote, levou a peito a sugestão de Sullivan. Suspeito que Sullivan não tinha isto em mente.
A pergunta que se impõe é: será que o uso da beleza, essa obra do acaso, como instrumento de vida e de sucesso é eticamente reprovável? “Sinal de submissão”, ouço o coro das feministas rancorosas. A questão é antiga e tem raízes no Jardim do Éden. Deus disse a Adão: “Não comas a maça”, mas Adão não resistiu a Eva.
Neste, como noutros temas, não podemos esquecer Dostoievski, que nos garantiu que a beleza salvaria o mundo, restaurando o espírito dos abismos do niilismo e do desespero. Respondendo à pergunta, o bom senso diz-nos que a beleza deve ser como o álcool, moderadamente usada. Ou seja, a subtil relação entre a beleza e a discrição preenchem os requisitos do hábito moral e ético politicamente aceites.
Sendo Nikita uma promessa política, surge outro problema: deve Nikita usar a beleza como arma contra o vazio de uma alma, de uma ideologia política?
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