"1. Desde
logo, jurídico-constitucionalmente, o Presidente da República (PR), tem
legitimidade democrática direta, é um órgão com poderes próprios, com funções
de direção política, podendo exercê-las com liberdade política ainda que dentro
dos limites do n.º 1 do artigo 187.º da CRP;
2. A
declaração do PR depois da audiência a Passos Coelho afasta todas as propostas
revolucionárias (NATO, Euro) que formam a matriz identitária do BE e do PCP. O
PR sabe que para Jerónimo e Catarina Martins, o PS antes das eleições era um
partido de direita, foi com base nesse “trunfo” que fizeram campanha e foi essa
acusação que foi sufragada pelos portugueses;
3. António
Costa (AC) deixou claro que as negociações à esquerda correm melhor que as à
direita. Contudo, estas negociações não são para a formação de um governo de
esquerda (algo que não é aceite dentro do próprio PS e mesmo no BE e no PCP)
mas para permitir que o PS, que elegeu menos deputados (86) que o PSD (89) e, claro está, que a PàF
(107), forme governo com o acordo parlamentar do BE e do PCP. Ora, o PR
não pode nomear AC para Primeiro Ministro, neste cenário, justamente porque o
tal limite do artigo 187.º, n.º 1 da Constituição são os “resultados eleitorais”
que, como é sabido, deram a vitória à Coligação;
4. Com
um governo minoritário PSD/CDS, não é garantido que o programa de governo e o
orçamento chumbem, por existir um artigozinho na Constituição onde se lê “os
Deputados exercem livremente o seu mandato” e não faltam exemplos de
deputados desalinhados com a orientação da direção parlamentar na nossa
história constitucional;
5. Por último fica o
argumento-argumento: muitos idealizam a vida política nacional como uma réplica
da série “Borgen”. Tal poderia não ser totalmente desajustado da realidade se
não estivéssemos a falar de AC. Infelizmente, AC apresenta mais similaridades
com a personagem principal da série “House of Cards” e a forma como se
descartou de José Seguro é prova disso. E, na vida real, ninguém quer um
Francis Underwood no poder."
Hoje, para o i.
Hoje, para o i.
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