Ontem, para o i,
"Enquanto alguns se
babam por um governo comunista e aquela “coisa” de António Costa e outros se
afligem, muito prontamente, com engano de um apresentador de telejornal
esquecemos o facto mais importante das últimas eleições: o PAN elegeu um
deputado! Esqueça o radicalismo do BE e do PCP em relação à NATO e ao Euro e
desengane-se: o PAN não é só um fervoroso defensor das árvores e dos bichinhos,
o que até se compreende como estratégia de afirmação política; o seu verdadeiro
intento é “transformar a mentalidade e a
sociedade portuguesa e contribuir para a transformação do mundo de acordo com
os fundamentais valores éticos e ambientais”. Ficará cumprido o sonho de
qualquer candidata a miss universo?
Depois de quatro anos
de grandes amarguras para os portugueses, 74.752 votaram num partido cujo “desígnio maior” é “defender o ambiente em que estamos”, segundo o deputado eleito.
Mas, pondo de parte os direitos da natureza e dos animais, esquecendo,
portanto, que o direito é produzido pelos homens e para os homens, que é um
produto cultural emanado dessa propriedade específica do homem, o programa
eleitoral do PAN é rico em propostas como a inclusão dos animais no agregado
familiar, distribuir gratuitamente copos menstruais em consultas de
planeamento familiar para diminuir a poluição e o desperdício de recursos (p.
45), implementar o sistema de partilha de horas diárias entre o vitelo e a
progenitora (p. 33) e, num rasgo de autoritarismo ou marxismo animal como já
lhe vi chamar, regulamentar melhor e de uma forma mais restrita a publicidade
alusiva a produtos não saudáveis ou com impactos negativos na saúde (p. 52).
As preocupações com o
ambiente são absolutamente legítimas. O problema é quando isso se converte numa
bandeira ideológica e num radicalismo holístico do ambientalismo tradicional
que impede o debate construtivo sobre o tema – o que, infelizmente, acontece
com os partidários da deep ecology, à
semelhança do lobby da ideologia do género para o qual, afinal, interessam as
diferenças entre “ele” e “ela” e não apenas a felicidade do individuo, como
ficamos a saber com o episódio Quintanilha."
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