sexta-feira, 19 de julho de 2019

terça-feira, 9 de julho de 2019

Nigéria

"A Tia Ifeoma escreve à Mãe e a mim. Escreve sobre os tomates enormes e o pão barato. Acima de tudo, escreve sobre as coisas de que tem saudades e pelas quais anseia, como se ignorasse o presente para viver no passado e no futuro. Às vezes, as cartas dela são enormes, até a tinta ficar esborratada e eu perder o fio à meada do que ela quer dizer. Há quem pense, escreveu ela uma vez, que não nos podemos governar a nós próprios, porque das poucas vezes que tentámos, falhámos, como se todos os outros países que se autogovernam hoje em dia tivessem acertado à primeira tentativa. É como dizer a um bebe que está a gatinhar, a aprender a nadar, e que cai, para nunca mais se mexer. Como se os adultos que o rodeiam não tivessem gatinhado também um dia".

Chimamanda Ngozi Adichie, A cor do Hibisco, p. 357 e 358.