terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Jornal i #53 - o vigésimo sétimo dia do ano: em memória do holocausto

Hoje, para o i,
"27 de janeiro de 2016: o dia mundial em memória do Holocausto. Angustiante? De facto, há qualquer coisa de inexplicável e grotesco na data. Resolvi rever algumas cenas do filme alemão “A Onda”, um remake de um filme americano dos anos 80 inspirado num caso real. 

A trama inicia-se quando um aluno proclama que a Alemanha está livre do Nazismo, que a História jamais se poderia repetir naquele país. Então, o professor resolve demonstrar de forma brusca que o aluno estava errado: em pouco tempo se cria um grupo fascista, coletivista, pronto para eliminar qualquer “estranho”, qualquer inimigo potencial, que não pertença à família, uma massa monolítica que anula o indivíduo qua tale. 

Na mesma data, Obama alerta para o aumento do antissemitismo no mundo, o ódio a Israel é óbvio em algumas fações esquerdistas, todo o cuidado é pouco. Por cá, o Presidente da Comissão Europeia proclama que a Europa recusa o ódio. Momentos depois, leio que Roma cobriu as suas estátuas com nus para não ofender o presidente iraniano na sua visita a Roma. Simbolismo e tolerância? Eu diria: disparate, parece que em Roma já não se é romano. Itália recebe com pompa e circunstância o representante de um país em guerra contra o Ocidente desde 1979 e de toda uma cartilha sócio cultural da qual consta o ABC do enforcamento por delito de opinião ou pela orientação sexual mas, cuidadinho, não queremos ferir a susceptibilidade do ditador. 

Entretanto, nesta Europa tolerante com ditadores, em Cardiff, no País de Gales, os requerentes de asilo são obrigados a usar pulseiras brilhantes para serem identificados; em Middlesbrough, Inglaterra, as portas das casas dos refugiados são pintadas de vermelho para identificar a morada dos recém-chegados. A identificação, pressuposto do acesso a determinados apoios, tem de ser feita de outra forma. O Estado deve ajudar os refugiados e não pode contribuir para aumentar ainda mais a sua exposição e fragilidade servindo-os de bandeja à xenofobia que, infelizmente, existe em cada país. Atarantados com a escalada da extrema-direita em vários países europeus, algumas almas pasmam. Permitam-me a pergunta: estavam à espera de quê? Valha-nos Hollande, para que não esqueçamos que in vino veritas."

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