quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

bingo



"O risco da tecnologia é que nos distraímos. Distraímo-nos pelo que fazemos e não por aquilo que somos. Podes fazer muita coisa com um smartphone na mão ou com o Echo, em casa. Essa capacidade de seres constantemente produtivo não é a mesma de seres reflexivo e pensativo, de estares focado no que significa realmente existir. Estamos tão ocupados a pedalar que não paramos e olhamos para as coisas que realmente interessam, para o que se passa nas nossas vidas ou no mundo em geral. (...) Aquilo que o digital faz, e particularmente o nosso telefone, é que cria um mundo de oportunidades ilimitadas do potencial que existe por aí. Tudo o que está acontecer a toda a hora nos outros sítios é mais sedutor do que o que se está a passar à tua frente, agora. Isso faz com que seja mais fácil para as pessoas perderem atenção sobre a sua família ou sobre o que acontece à volta delas, porque deve haver algo muito mais interessante a acontecer noutro sítio. Podes ver isso pela forma como as pessoas respondem às mensagens que recebem no telefone. Alguns de nós acreditam que a mensagem que está a chegar é a mensagem que vai dizer “eu amo-te” ou que ganhaste um milhão de euros ou que vais ter aquela grande promoção que querias tanto. Mas nunca é. É ocasionalmente, uma vez de cinco em cinco anos, se tiveres sorte. E depende da mensagem.

Acho que esse potencial do que está lá fora e o facto de termos acesso ilimitado a toda a hora, faz com que estejamos cada vez mais ligados a qualquer coisa. À medida que te ligas a tudo, o potencial do que está lá fora torna-se muito mais atraente do que o potencial que tens à tua frente. Quando isso acontece perdemos o foco e a capacidade de estarmos no momento. E acho que isso traz algumas ameaças reais sobre como realmente comunicamos e interagimos com as pessoas à nossa volta."

Entrevista a Mark Curtis, no Observador.

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