terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Jornal i #7 Lapso mamário

Texto para o Jornal i:


O mundo mudou, mas o "The Sun", durante quase meio século, na sua página 3, manteve a tradição. Durante décadas, a modelo, em topless, era a única certeza que o leitor tinha ao comprar aquele tablóide britânico. A semana passada o movimento feminista, de cariz tendencialmente totalitário, logo pouco democrático, quase adquiria mais uma "conquista" para o campo do radicalismo. Na terça-feira, anunciava o jornal "The Times" (pertencente ao mesmo grupo) que a page three encerraria. Facto desmentido, dois dias mais tarde, pelo próprio "Sun", que, com maminhas à mostra, punha a nu a mentira. 

Durante o "lapso mamário", a polémica instalou-se entre as modelos da "promíscua" page three e as académicas feministas, em particular a Sr.a Harriet Harman, do Partido Trabalhista. O argumento central das modelos resume a essência do liberalismo quando assumido de peito aberto: "Porque devem as feministas dizer a todas as outras mulheres como levar a sua vida?" Serão as mulheres seres tão frágeis que necessitam que uma feminista as guie na vida? Ou será esta mais uma forma de manifestação da velha ditadura do colectivo sobre o individual? Por outro lado, acrescentam as modelos, as mulheres lutaram juntas pelos seus direitos e agora lutam umas contras as outras? 

Aqui entre nós, creio que há objecções mais válidas ao conteúdo do tablóide britânico que as maminhas de modelos, pagas para o efeito, com uma tradição de 44 anos. Como também já houve argumentos mais válidos para apoiar o feminismo.

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