quarta-feira, 13 de abril de 2016

a dança

há alguns anos que não nos cruzávamos. entretanto, envelheceu, um pouco mais magro, o rosto mais estreito e as feições esbatidas; doutorou-se, subiu na carreira e estava prestes a participar numa conferência de grande prestígio. quando nos cruzamos fiz questão de referir que tinha ido, de propósito, ouvi-lo. foi então que começou a dança. há pessoas cuja maneira de estar socialmente se assemelha a uma dança, a um ritual burilado: ao som de uma batida plena de harmonia, abalança o corpo praqui, depois prali, os gestos são coordenados e elegantes, os tiques - se os houver - são de apreço e cordialidade,  palavras alinhavas e confortavelmente colocadas numa narrativa composta por temas previamente pensados. sempre pontuais nos ensaios, não há como enganar nos passos, movimentos espasmódicos de grande beleza.

lá vão eles, dançando

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