domingo, 27 de maio de 2018

Maio de 68


"Não por acaso se associa quase sempre um romantismo juvenil ao Maio de 68. E, tudo bem visto e ponderado, foi precisamente esta a herança que ficou e perdurou, exacerbada pelo aggiornamento pós-modernista, que não passa de um hiper-romantismo que entronizou como valor supremo os direitos da soberania do “Eu”: a ditadura do subjectivismo radical; o sujeito como critério de tudo, da verdade e da mentira, do belo e do feio, do bem e do mal. Maio de 68 não tinha uma agenda política definida e coerente. Mas toda a gente, ou muita gente, tinha uma agenda pessoal pressurosa: libertar o “Eu” das regras e convenções que o silenciavam e que, silenciando, matavam. O nosso “Eu”, reduzido a um sussurro clandestino, ora lírico, ora gemente, precisava de ar para respirar e gritar alto as suas dores, e as suas exigências. (...)".

"Estivemos lá, mas esse é um mundo que está a desaparecer à nossa frente", Maria de Fátima Bonifácio, aqui.

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