domingo, 27 de maio de 2018

lenda de infantilidade

- Não sabes do teu irmão? Que é dele? - Falou com a boca cheia, a disfarçar a insistência; estava coradinha e bonita.
- Não querem lá ver, está tola?! - Alarmou-se, a Maria José. O irmão! O seu irmão! Nutria por ele um complexo sentimento; era carinho, maternal cuidado; era um tanto incestuoso ciúme; era sobretudo desejo de domínio. O seu irmão, querido, aborrecido irmão! E tratava-o como a criança impertinente, preocupava-se em não deixar esmorecer essa lenda de infantilidade, exibia os seus deveres de irmã mais velha (...).

Agustina Bessa-Luís, Deuses de barro, p. 46.

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