terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Jornal i #47 - O que quer o PCP?

Hoje, para o i:

A 7 de Dezembro, o Partido Comunista Português (PCP), suporte parlamentar do governo, expressou a sua “solidariedade” com os camaradas (socialistas e comunistas) venezuelanos porque, de acordo com os comunistas portugueses, o “processo revolucionário bolivariano e as suas históricas conquistas”, que “importante repercussão têm tido na América Latina”, foram interrompidos. Mas que processo revolucionário é esse e quais são as históricas conquistas que merecem tal manifestação de solidariedade do PCP?

Vejamos: a inflação disparou para taxas estapafúrdias, superiores a 150% ao ano; no início deste ano circularam vídeos ora de saques ora de filas para os supermercados; as prateleiras estão vazias, não há papel higiénico (e a justificação de tal escassez foi a alimentação excessiva dos venezuelanos, que se pode resumir num ditado popular demasiado grosseiro para citar nestes meandros), a água escasseia e os preservativos são bastante caros; nos bancos o limite de levantamento era de 13 euros; em 2013, tal era a escassez de carros no mercado automóvel que um carro usado custava três vezes o preço do mesmo carro novo; no ano passado foi proibida a compra de mais de cinco produtos na Zara por mês. Em termos políticos e sociais, Luis Manuel Díaz, secretário--geral do partido da oposição ao déspota Nicolas Maduro, Acção Democrática (AD), foi assassinado em Novembro deste ano; em Agosto foram executados cidadãos à luz do dia, isto para não dizer que a criminalidade é um estoiro. Mas, atenção, apesar de tudo isto, em 2013 o governo de Maduro criou um Vice-Ministério para a Felicidade Social.

Temos então o PCP a considerar uma conquista histórica a transformação da Venezuela numa espécie de segunda via cubana. Dito de outro modo, temos o PCP a manifestar simpatia pelo caminho que o socialismo, a par com a miséria, tem percorrido, nos últimos 15 anos, por terras venezuelanas. Tal facto seria considerado mera manifestação inconsequente de apego a um passado, não muito distante, em que o PCP via Portugal como uma espécie de Roménia lusófona; mas perigoso se torna se, depois de ter colado o pin do BE na lapela esquerda, António Costa desejar, a todo o custo, colocar também ao seu lado o pin do PCP. Nesse momento saberemos o que nos espera, mas não será por falta de aviso que nos vamos encontrar na fila para o papel higiénico.

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