terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Jornal i#48 - Partido democrático muçulmano?

O leitor está lembrado de um livrinho, bastante incómodo para algumas almas mais “humanistas”, chamado “Submissão”, escrito por Michael Houellebecq? Em “Submissão”, o autor, ficcionava a pátria da “liberdade, igualdade e fraternidade” entregue, por via democrática, nos braços do islamismo graças à vitória presidencial de Mohammed Ben Abbes, fundador da Fraternidade Muçulmana.

Pois bem, a passos largos, a realidade tem vindo a aproximar-se da suposta ficção. Em 2012, em França, surgiu o Partido Democrático Muçulmano, que, por exemplo, já obteve mais votos que o Partido “os Verdes” e vai mesmo apresentar um candidato à presidência da república francesa, segundo os media franceses. Entre as suas bandeiras políticas encontra-se o ensino na língua árabe nas escolas, a defesa do sistema bancário islâmico, a obrigatoriedade da comida Halal nas escolas, a defesa do uso da burca em locais públicos e a defesa da poligamia. Em caso de vitória, “Submissão”, será afinal uma profecia do autor.

O livro de Houellebecq não contém nenhuma referência ofensiva ao islamismo é antes uma reflexão sobre a falta de “fé”, sobre o esgotamento religioso e espiritual da Europa, em linha com o conceito de “liquidez moderna” apregoado por Bauman. Não posso deixar de concordar com alguns vozes que atribuem as culpas a uma certa “ideia” de Europa pós-nacional que rejeita laços de pertença à nação e à religião. Uma Europa que renega a sua identidade judaico-cristã será, a breve prazo, uma Europa incapaz de se reconhecer em si própria.

Hoje, para o i.

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